O mundo continua na luta contra a pandemia da Covid-19. Ainda sem uma previsão efetiva de chegada da vacina ou do desenvolvimento de um medicamento que cure a doença, as pessoas seguem se protegendo com alternativas como a higienização das mãos, a utilização do álcool gel e a adoção de máscaras. Porém, por outro lado, várias empresas começaram a desenvolver produtos que se unem a essas estratégias para barrar o coronavírus. A exemplo disso, a Alpfilm, indústria especializada em produzir e fornecer embalagens plásticas, acaba de anunciar o primeiro filme PVC que tem a capacidade de inativar o vírus – o AlpFilm Protect.
O produto, que já contava com propriedades antifúngicas e bactericidas – graças à presença de micropartículas de prata – passou por uma série de estudos para adequações em sua composição com o objetivo de assegurar sua eficácia antiviral, em especial contra o novo coronavírus. “Desde 2014 a nossa linha de produtos AlpFilm Protect conta em sua composição com uma solução que evita a proliferação de fungos e bactérias, oferecendo uma barreira de proteção eficaz para a conservação de alimentos e outros produtos embalados com o plástico filme. Diante dos desafios impostos pela Covid-19, decidimos voltar nossas atenções para a pesquisa e desenvolvimento dessa evolução do produto para a inativação do novo coronavírus por contato”, explica Alessandra Zambaldi, diretora de Comércio Exterior e Marketing da Alpfilm.
Ela conta que após uma série de análises internas, que incluiu a consultoria de virologistas, infectologistas e especialistas em controle de qualidade para a adequação na composição do produto, o AlpFilm Protect foi submetido a testes feitos pela QuasarBio no laboratório de biossegurança de nível 3 (NB3) do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) – um dos poucos no Brasil que faz essa validação com o Sars-Cov-2 ativo. Os resultados comprovaram a eficácia do material em inativar 99,99% do vírus responsável pelo novo coronavírus.
De acordo com o professor Lucio Freitas Junior, pesquisador do ICB-USP, foram adotados protocolos internacionais para superfícies plásticas ou não porosas para fazer a validação do produto. “A análise apontou que o filme plástico PVC AlpFilm apresenta respostas positivas que chegam a 79,9% de inativação nos primeiros três minutos, chegando a 99,99% de eficácia em até 15 minutos, um resultado bastante animador”, diz.
O especialista reforça que é importante lembrar que estamos diante de um vírus que se comporta de forma diferente de outras cepas ligadas à gripe e, por isso, é essencial que a população esteja atenta à validação específica para proteção contra a Covid-19.
Segurança para o consumidor
O AlpFilm Protect é distribuído para dois segmentos: industrial e gôndola. No industrial, atende setores como os supermercados, para a embalagem de carne, frutas, legumes, frios, queijos, entre outros. Com a pandemia, passou a proteger também as maquininhas de cartões nos caixas. Já nas gôndolas, é comercializado no setor de embalagens dos próprios supermercados e em distribuidoras.
De acordo com Alessandra, o próximo passo agora é comunicar esse novo apelo do produto para os consumidores. “Eles já estavam protegidos com o nosso produto, que está disponível no mercado desde 2014, e não sabiam. Mas investimos nessa validação e isso foi um passo importante, pois abriremos novas portas e ajudaremos as pessoas a se manterem longe do vírus”.
Para Gustavo Simões, CEO da Nanox, empresa que desenvolve produtos à base de nanotecnologia e fornece as micropartículas de prata que conferem a proteção do AlpFilm Protect, a constatação reforça os estudos que atestam o poder da tecnologia no combate ao coronavírus. “As micropartículas de prata hoje são aplicadas industrialmente em várias matérias-primas, mostrando resultados positivos quando acontece o contato do novo coronavírus em diferentes superfícies. Isso nos permite aumentar cada vez mais o leque de ações para a aplicação da solução em produtos que podem ajudar no combate à Covid-19 com eficácia”, diz.
Além disso, essa proteção torna-se ainda um outro apelo importante para um produto que lida com um mercado que, segundo Alessandra, enxerga o filme plástico como commodity. “Os consumidores compram esse tipo de produto, tão utilizado na nossa vida cotidiana, sem olhar o que está escrito na embalagem. O preço acaba sendo o fator determinante na decisão. Por outro lado, nós nunca quisemos que o AlpFilm Protect se enquadrasse nesse cenário e, por isso, investimos na proteção antifúngica e bactericida há mais de seis anos e avançamos neste momento de pandemia para a geração de uma solução que contribuísse no combate ao coronavírus”.
O produto ganhará ainda uma nova comunicação em sua embalagem para que os consumidores possam identificar seus benefícios, segundo Alessandra. E, com essa descoberta, a Alpfilm espera ampliar ainda mais o uso do AlpFilm Protect para outras funcionalidades, em locais onde há uma grande circulação de pessoas, entre outras. “O AlpFilm Protect pode ser aplicado em qualquer superfície nas quais as pessoas toquem com grande frequência, inclusive nos celulares”.
A Alpfilm espera um aumento na demanda pelo produto, o que deve impactar no aumento da capacidade produtiva da planta industrial da empresa em São Paulo na ordem de 20% a partir de 2021.
Outros mercados
Os produtos anti-Covid-19 já estão ganhando cada vez mais espaço em outros mercados. A exemplo disso, tecidos com capacidade de inativação do novo coronavírus – e que incluem ainda propriedades antibacterianas e antifúngicas – estão sendo usados cada vez mais pelos hotéis como medida de proteção para a retomada de suas atividades. Esse é o caso do DelfimProtect, da indústria têxtil Delfim, um dos primeiros a ser desenvolvido no país com essas qualidades e cujas aplicações vão desde máscaras, passando por jalecos e aventais, toalhas de mesa, protetores de colchão e travesseiros, até forros para as espreguiçadeiras da área da piscina, entre outras opções de uso.
No caso do filme plástico de PVC, o produto se torna uma arma importante para proteger a comida servida nos restaurantes desses locais, que normalmente ficam expostas em buffets. Com a volta das atividades, a área de Alimentos e Bebidas (A&B) de grande parte dos hotéis teve que repensar a forma de servir as refeições para minimizar a contaminação, muitas vezes abrindo mão do sistema self-service e apostando na disponibilização de pequenas porções já embaladas. E isso pode ajudar no aquecimento de demanda por esse tipo de item.
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